quinta-feira, 3 de abril de 2014

Padrão Terapêutico de Qualidade

Padrão Terapêutico de Qualidade



Os óleos essenciais (OE’s) são usados em vários ramos de atividade. A indústria da perfumaria é a principal delas, mas não a única. As indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética também utilizam grandes quantidades de OE’s.

Industrialmente, não se exigem óleos essenciais 100% puros ou molecularmente intactos. Para perfumes e alimentos é admitida a redestilação da planta (passagem da planta duas vezes pelo destilador), retificação (adição ou subtração molecular) e deterpenização (subtração de terpenos) na composição química dos OE’s.

No entanto, para a prática segura da Aromaterapia, é imprescindível o uso de OE’s com Padrão Terapêutico de Qualidade.

Mas o que é Padrão Terapêutico de Qualidade?

São critérios que determinam se um OE mantém todo o seu conteúdo molecular preservado. Esses OE’s são considerados autênticos e são apropriados para a prática da Aromaterapia.

Em termos gerais, autenticidade é considerar as moléculas aromáticas como o fruto de milhões de anos de evolução do Reino Vegetal, em seus erros e acertos, em sua interação dinâmica com todo o conjunto químico da planta, ou seja, autenticidade de um OE é ter uma perspectiva holística sobre a natureza de um organismo vivo.

OE’s modificados são o resultado de um projeto de engenharia elaborado pela indústria farmacológica ou química com intuito de padronizar as concentrações moleculares ou diminuir custos.

As plantas, em seu estado natural, não produzem de ano para ano OE’s sempre com as mesmas concentrações de seus princípios ativos e aromáticos. As plantas são organismos cambiantes, mudam periodicamente suas necessidades, afetadas por diferenças na intensidade das chuvas, variações de temperatura, alterações no solo, ataque de pragas entre outros fatores. Por isso um OE nunca é o mesmo de um ano para outro, pois todos esses fatores interferem na concentração das moléculas aromáticas metabolizadas.

Na prática a variação molecular encontrada no OE de um ano para outro levou a farmacologia convencional a criar um processo de padronização. O uso de óleos essencias para o fim farmacológico só poderia ser aprovado pela constatação de sua estabilidade molecular num comparativo entre as diferentes safras, tal qual acontece com fármacos convecionais, com suas dosagens de princípios ativos detrminadas à razão de milésimos de grama. Em oposição ao paradigma holístico, a indústria farmacológica segue princípios reducionistas, que não aceitam as variações naturais na concentração dos OE’s.

Se você deseja usar OE’s com Padrão Terapêutico de Qualidade, a primeira coisa a ser observada é se este foi extraído por destilação a vapor ou prensagem a frio, no caso dos cítricos.

Na prática da aromaterapia aceita-se o uso de absolutos e resinóides, que são produtos extraídos por solventes devido a maioria de suas moléculas aromáticas serem solúveis em água, ou com estruturas moleculares muito instáveis que se desestabilizam na presença do calor. Este é o caso de algumas flores como rosas, jasmim, vanilla, ou frutos como cacau. Alguns absolutos são de uso aromaterápico desde que o solvente utilizado não seja o benzeno.

Atualmente, temos solventes que substituem satisfatoriamente o benzeno, e que podem ser utilizados no processo de extração, sendo que depois esse solvente será evaporado na fase final da adição de álcool etílico.

É preciso observar também se nenhum dos seus constituintes foi removido intencionalmente (retificação/deterpenização) durante a extração ou se nenhuma substância foi adicionada.

Isso acontece quando se obtém, por exemplo, um óleo essencial de lavanda com conteúdo superior a 40% de linalol. O mercado admite como padrão a presença de 38% a 42% de linalol. Portanto, se for obtido um óleo com 50% ou mais desse componente, o linalol é retirado e isolado, deixando o óleo essencial com os percentuais exigidos. O linalol isolado é vendido para a indústria de perfumaria ou cosméticos.

Pode também acontecer o contrário. Quando se extrai um óleo essencial de lavanda com menos do que 38% de linalol, poderá se acrescentar o linalol isolado até se chegar ao percentual exigido. Às vezes o linalol adicionado é natural, mas poderá também ser sintético ou proveniente de outra planta, como a citronela, rica em linalol e muito mais fácil de ser cultivada e o linalol terá menor custo.



Este processo recebe o nome de retificação. Utilizamos a lavanda como exemplo mas este processo poderá acontecer com outros óleos. No caso da lavanda retificada, no mercado ela é conhecida como Lavanda 38/40 ou 40/42, uma indicação do percentual de linalol entre 38% e 42%. 

O óleo retificado, apesar de possuir as quantidades exigidas dos constituintes químicos que lhe são característicos, perde suas propriedades em outros níveis. Quando pensamos a realidade dentro de uma perspectiva quântica, entendemos que a relação de um óleo essencial com nosso organismo não se dá apenas pela interação bioquímica entre nosso organismo e o óleo, ou por dosagens exatas de constituintes químicos. Nós estamos nos relacinando também com a totalidade do campo vibratório daquela substância. Ou seja, uma coisa é a interação entre o nosso organismo e um óleo essencial plantado, cultivado, colhido e obtido orgânica e integralmente, completo em sí mesmo e intocado no nível molecular. Outra coisa é um óleo essencial que possui as características químicas necessárias, mas não tem impresso em seu DNA, em sua totalidade enquanto uma substância viva, a experiência obtida pela sua relação com o sol, com a terra e seus elementos minerais, com a água e demais elementos, com todo um contexto natural que faz daquela substância possuir um padrão vibratório ausente quando lidamos com substâncias químicas isoladas. 

Um estudo de Ernst Mayer concluiu que o OE de lavanda, quando usado integralmente, atua de maneira muito mais eficaz sobre queimaduras do que quando utiliza-se o linalol isolado.

Segundo Kurt Schnaubelt, quando nossas células encontram-se com moléculas sintéticas, ou com OE’s adulterados, poderá ocorrer a produção de histamina dentro de nosso corpo para expulsar as substâncias estranhas. Não existe um reconhecimento do organismo, nossas células não estão adaptadas a elas, e por essa razão um processo alérgico poderá ser gerado. 

Conhecer a origem da produção do OE é uma das formas mais seguras para determinar sua pureza. Uma empresa aromaterápica que deseja trabalhar com OE’s dentro do Padrão Terapêutico deve fugir do comércio das grandes indústrias de óleos essenciais, focadas no mercado de perfumaria, de fármacos e alimentos, e tentar obter seus óleos diretamente dos produtores.

Uma vez conhecida a procedência do óleo essencial, o teste cromatográfico é importante para definir se os percentuais dos componentes químicos exigidos para que o óleo seja classificado dentro do Padrão Terapêutico estão de acordo. Como foi explicado no caso da lavanda, é possível que seja encontrado quantidades menores ou maiores de um constituinte químico.

Esperamos que esse artigo possa mostrar que existe muito mais por trás das palavras "100% natural" ou "100% puro". Desejamos oferecer mais recursos para que você, terapeuta ou simples amante dos aromas, possa escolher com total consciência os óleos essenciais com os quais ameniza os desconfortos físicos, estimula sua mente e perfuma sua vida.


Luciane Vishwa Schoppan

É bióloga, Aromaterapeuta e sócia-diretora da Terra Flor Aromaterapia


Um comentário:

  1. Fantástico, Vishwa! Desde que comecei a estudar os OE e a fazer o curso de formação em aromaterapia confio 100% em tua empresa. Já experimentei óleos de outras empresas consideradas confiáveis, mas não obtive os resultados como com os teus.

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